quinta-feira, 10 de março de 2011

About Trends

Antes de me julgarem pelo que vou falar aqui, afirmo que eu entendo como o mundo da moda funciona, e isso quer dizer que as grandes marcas sempre lançarão tendências que são o que as marcas menores vão seguir, e, no final, a cada estação todo mundo veste mais ou menos o mesmo estilo, e isso vai mudando com o tempo. E tem sido assim desde a antiguidade, quando uma Marie Antoinette, por exemplo, resolvia usar algo inusitado e todos os membros da corte, que a achavam o máximo, copiavam, e daí virava moda. Hoje isso tudo acontece em escala muito maior, com o evento da globalização e a rapidez com que divulgamos informações.
Afirmo também que eu, apaixonada por moda como sou, adoro ficar atenta às tendências e usar o que está na moda.
Mas fico revoltada quando paro para dar uma olhada nos catálogos de novas coleções, em revistas, etc, e me deparo com um tanto de propaganda igual. Porque seguir uma tendência é uma coisa; não criar nada é outra.
Este outono, por exemplo, nas marcas nacionais, a tendência é vermelho, couro, coletes de pele (de preferência compridinhos), a cor camelo e onça. Principalmente acessórios de onça. Isso quer dizer que todas as marcas brasileiras estão com exatamente a mesma coleção: casacos de couro preto, calças de couro vermelhas, pumps básicos de onça, clutchs de onças, coletes compridinhos de pele, e por ai vai... Acho que vocês já têm uma boa idéia do que eu estou falando, até porque já viram essa mesma figura milhares de vezes. E não é uma ou outra marca que possui uma coleção no mesmo estilo, são todas as marcas jovens mais usadas no Brasil: Bobô, Ateen, M&Guia, 284, Mixed, Daslu, Bobstore, e por aí vai, seguindo por todas as grandes marcas até as menores, que nem preciso dizer são mais cópias ainda.
E o que mais me espanta é que são todas marcas consagradas, consideradas lindas e de bom estilo, e que, na minha opinião, jogam todo o estilo e status que conquistaram fora ao seguir à risca o que a Vogue falou. E só tenho a dizer uma coisa: a Vogue falou justamente porque, quando lançada certa moda por um certo estilista, ela era inusitada, inovadora, e merecia atenção.
E as fashionistas ficam tão desesperadas para estarem exatamente de acordo com as tendências, que acabam caindo na mesma armadilha que as marcas caem: a de perder as próprias peculiaridades que definem cada um para seguir a ditadura da moda. Ora, eu adoro tendências, e as sigo, mas sempre adaptando tudo ao meu próprio estilo, e só usando o que, de fato, combina comigo. E, na verdade, tomo tamanha antipatia de tudo o que vira "must have", que me recuso a usá-los.

campanha inverno 2011 bobô


campanha inverno 2011 Ateen



campanha inverno 2011 M&Guia na revista da loja

making off da campanha inverno 2011 Mixed

Em outras proporções é o mesmo caso de peças "inspired". De uns tempos pra cá surgiu essa onda de todas as marcas mais populares copiarem exatamente uma peça consagrada de uma marca chique e chamá-la de inspired, quando, na verdade, é a mesma coisa que uma cópia barata comprada em chinatown. Eu já falei sobre isso aqui: é que, na verdade, é importantíssimo que haja inspirações, e certas pecas viram clássicos que mudam todo o rumo da moda, mas inspirações não são o mesmo que cópia. Até porque, se formos pensar, o mundo inteiro da arte é uma grande mímesis, e tudo sempre vai ser cópia de algo feito anteriormente. Mas somente terá valor, de fato, quando for uma cópia modificada atendendo, assim, às novas demandas que um outro contexto pode exigir. Ou seja: uma bolsa Lanvin que usa alça de correntes é inspirada nas bolsas clássicas da Chanel, que foram as primeiras a usar este material como alça de bolsas; mas, em uma lanvin, como é uma bolsa mais moderninha, até rocker, a corrente tem mais cara de corrente e possui uma fita que vai se entrelaçando por ela formando um designer novo. Um sapato que resolve colocar uma sola colorida, ou até com desenhos nela, como uma da designer Taylor Reeve, foi certamente inspirado em um Louboutin, que foi o primeiro a ressaltar as solas dos sapatos, apostando em uma cor que nunca passaria batido, mas quando é um sapato normal com a simples sola vermelha, aí é puro plágio, pois a sola vermelha já virou marca registrada do designer. E bolsas de moletom, sapatos da Santa Lolla, Villa Vittini e Corello que são cópias exatas de sapatos Miu Miu, Chanel, etc., não são versões inspiradas, mas simplesmente copiadas exatamente.

Por isso defendo que as tendências são importantes sim, se usadas como fonte de inspiração, o que raramente acontece por marcas menores. Porque as tendências são lindas sim, mas presentes o tempo todo e idênticas em todas as lojas, ficam batidas e ninguém mais vai achar graça. Uma marca que eu não sou muito fã, mas que não poderia deixar de elogiar aqui é a Animale: ela segue as tendências sim, mas sempre adequando-as ao estilo particular da marca. E é o que todas deviam fazer, pois a Bobô, Ateen, M&Guia, etc, (nem comento sobre a 284 porque já é desnecessário) que são marcas que eu geralmente adoro estão todas iguaizinhas, e eu nunca saberia diferenciar um vestido de uma marca para a outra, pois todas perderam a própria identidade. E é fundamental manter a própria identidade, pois é isso que faz o mundo fashion girar - e ser tão interessante. E isso se aplica tanto para as marcas quanto para as usuárias delas.

Só para pensar um pouco antes de comprar o próximo hit da estação.


xx

4 comentários:

Ana disse...

é por isso que eu curto vir aqui, adoro gente com opnião! hahah

Concordo em numero e grau, no final das contas oque agente vê pela rua é um tanto de fashion victims,sem personalidade e ainda atrasadas porque sempre que todo mundo começa a usar uma coisa significa que já passou.
Eu tenho pânico de tudo que agente vê demais.

e os inspireds estão por toda a parte mesmo! Na vitrine da villa vitini do bh shopping todos os produtos são inspired! juro todos, e a mta gente que compra nem sabe...

hehe mas é mto polemico esse assunto!!
beijos nena

Anônimo disse...

Gostei muito do post, Nena!! Concordo com você... mas o que mais me revolta em toda essa história de inspired/ cópia é que, em 99% das vezes, uma mulher vai em uma loja de sapatos e compra um de sola colorida sem nem fazer ideia do que esse solado remete... tudo bem que ninguém precisa ser uma super entendida do assunto, mas sempre fico me lembrando de uma amiga que disse que ia pedir para o irmão um Jimmy Choo porque ela adorava que o solado era vermelho. E ela ainda disse que ia pedir para ele comprar o de solado roxo, que ela achava que ia ser um arraso... sem noção nenhuma!
Aguardo ansiosa pelo próximo post!! E não esquece de olhar o Polyvore!

Lu disse...

Esqueci de colocar o meu nome, mas esse comentário aí em cima foi meu, viu?

Anônimo disse...

Concordo , tenho panico de gente que sai usando tendencia de pe a cabeça . Acho que usar um hit misturado com peças classicas fica muito legal e isso sim é fashion pra mim ..
A questao das copias tambem e muito verdade , e o que mais da raiva é quando voce investe em uma roupa mais cara , e depois ta todo mundo usando copias , vc ve aquela estampa , estilo ... em qualquer lugar que vai e tal .. e eu acho que isso meio que mata as tendencias , e como voce disse isso tira a marca registrada da marca ..